lunes, 21 de junio de 2010

INOVAÇÃO OU NOVIDADE, QUE CULTURA CRIAMOS?

Depois de debater diferentes temas como a importância das redes sociais nas instituições culturais; a inovação tecnológica na música, com a interatividade do Reactable; a escola 2.0 e outros assuntos afins. Uma pergunta encontrei no meio dessa miscelânea: o que realmente é inovação? Como esse conceito se confunde com as novidades produzidas pelo mercado do entretenimento?

A nível de situarmos nesses conceitos buscamos nos apoiar nas análises realizadas sobre o tema que se encontra no
Manual de Oslo, cujo objetivo é desenvolver uma pesquisa no âmbito da ciência e da tecnologia. Por tanto se distinguiu três tipologias de inovação:

Inovação de um produto: melhora das características técnicas de um serviço ou produto ou quanto ao uso destinado. Incluindo uma melhora significativa das características técnicas, dos componentes e dos materiais, da informática integrada, da facilidade de uso ou outras características funcionais;

Inovação de processo: é a introdução de um sistema novo ou significativamente melhorado de produção e distribuição, implicando câmbios significativos nas técnicas, os materiais e/ou os programas informáticos;

Inovação de Mercadotecnia:
é a aplicação de um novo método de comercialização que implica mudanças significativas do disenho ou a imagem de um produto, seu posicionamento, sua promoção ou sua tarificação;

Inovação de Organização:
é a introdução de um novo método organizativo, a organização do lugar de trabalho ou nas relações exteriores da empresa.

Com este conjunto de idéias podemos fazer um contraste entre uma inovação com base numa produção científica- tecnológica e seu término numa esfera mais dirigida a cultura. Citando Igor Calzadas, pesquisador na área de inovação cultural e sociólogo, sua reflexão é a seguinte:
“a cultura deve ser uma ferramenta para incentivar a inovação. A criatividade é um meio para a inovação e a inovação é o resultado de um processo que se pode dar, mas o que se deve cultivar e gestionar é a criatividade”. Baseado neste estudo mais voltado para a situação no setor da cultura podemos compreender de uma melhor maneira os processos criativos e distinguir entre um produto inovador ou somente mais uma novidade lançada na avalanche do mercado. Então, designamos desta forma as três vertentes obtidas: cultura da inovação, inovação cultural, cultura inovadora.


Cultura da inovação: seu caráter é instrumental, ou seja, busca propiciar câmbios sociais, culturais e fomentar o crescimento econômico por definitiva. Bons exemplos nesse segmento seria um projeto na Comunidade de Extremadura em Espanha, chamado Gabinete da Iniciativa Jovem; e o Espaço de Criação Jovem, do Instituto de Extremadura, e por último funky projects, cuja sede se localiza na cidade de Bilbao. Essa proposta vem permitindo um avanço importante dentro da administração pública em países que vem desenvolvendo este tipo de programa, pois permite normalizar o acesso ao conhecimento e incentivar a criatividade no âmbito educacional.

Inovação cultural: esse término é o que atualmente mais se discute na produção cultural, sendo o principal paradigma para a criação e a renovação do fazer cultural. Essa rama da inovação busca criar um processo de pesquisa que consiga transversalizar conhecimentos entre áreas distintas, como: a arte, o setor empresarial, a ciência, a tecnologia. Esta característica da inovação se define pelo hibridismo, devido sua fusão com diversas disciplinas, ademais de processos de pesquisa cada vez mais ligados a tendências como a interatividade e a multimidialidade. Um dos projetos estándares em Espanha nessa linha é a plataforma Disonancias, cujo vídeo postado explica um pouco qual é a idéia da proposta.

Disonancias Euskadi 2008-09 HDV from Pernan Goñi on Vimeo.

Cultura inovadora: esta se baseia numa cultura criada pelo mercado, com o único intuito de defender seus interesses sobre o consumo. Essa indústria que vemos a cada dia lançar “novos talentos” que não chegam a conseguir uma trajetória profissional que justifique seu valor dentro de uma dimensão cultural. Essa cultura inovadora que também poderia se resumir em simples novidade efêmeras, faz parte do funcionamento de uma indústria que necessita gerar lucro, através de uma cultura de modismos e a especulação sobre os gostos do público. Uma indústria que se caracteriza por um ciclo produtivo que se satura em poucos meses e que força o lançamento de novas celebridades a cada momento.


Com esta perspectiva sugerimos abrir essa reflexão sobre a produção cultural. Fazer um paralelismo entre essa produção incessante, cuja necessidade é a obtenção de resultados a um curto prazo e uma outra produção, onde os agentes culturais e a administração pública, sobretudo, têm que começar a vislumbrar, ou seja, a pesquisa. Dessa maneira acredito que podemos começar entrar numa esfera que propicie novos modelos de organização e criação, o que favorecerá todos os setores implicados.